A assessoria do presidente Biden está a considerar conceder perdões ditos "preventivos" a várias figuras que criticaram outrora Donald Trump. A ideia, noticiam as agências internacionais, é blindar estes nomes a eventuais processos judiciais desencadeados pelo advento da nova Administração republicana.
Em causa podem estar nomes como Anthony Fauci, ex-diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e ex-conselheiro médico chefe do presidente Joe Biden, que teceu duras criticas à conduta de Donald Trump durante a pandemia da covid-19, entre outros.
Estes críticos podem estar na mira do presidente eleito assim como do próximo diretor do FBI, Kash Patel, nomeado por Trump.
A ameaça de retaliação contra os que se apresentaram como opositores a Trump no passado começou a ressaltar ainda mais quando Patel afirmou que iria investigar políticos e membros da comunicação social que, sem evidências, na sua ótica, ajudaram a anular os resultados da eleição presidencial de 2020.
"Iremos atrás de vocês, seja criminal ou civilmente", exaltou Patel. "Nós vamos descobrir. E sim, estamos a avisar todos vós. Na verdade, vamos usar a Constituição para processar-vos por crimes dos quais disseram que fomos sempre nós os culpados, mas nunca fomos".
Perdões preventivos
Após ter soado o alarme da ameaça de Patel, associado ao indulto concedido a Hunter Biden pelo pai e ainda presidente norte-americano, um grupo de assessores terá começado a discutir se a Administração Biden deveria avançar para perdões preventivos a atuais e ex-funcionários públicos - como tentativa de protegê-los de possíveis retaliações de Trump, explicou uma fonte à AFP.
Os principais funcionários da Casa Branca que lideram o processo são o chefe de gabinete, Jeff Zients, e o advogado da Casa Branca, Ed Siskel.
Quem aceita ou não
Perante esta discussão, surgem outras dúvidas. "A questão agora é se as pessoas que estão a ser consideradas para esses perdões os querem", observou uma das fontes.
"Acho que isso é francamente tão implausível que não merece muita consideração", afirmou. "Eu pediria ao presidente que não o fizesse. Acho que pareceria defensivo e desnecessário".
Já o congressista democrata Brendan Boyle apresenta diferente argumentação. Declara que Biden deve conceder perdões gerais aos alvos do que chamou de "lista de inimigos" de Donald Trump.
E sublinha: "Ao escolher Kash Patel como diretor do FBI, Trump deixou claro que está mais focado em resolver questões pessoais do que em proteger o povo americano ou defender o Estado de Direito".
"Patel publicou abertamente uma lista de inimigos no seu livro, nomeando indivíduos que ele e Trump planeiam investigar e processar — visando aqueles que enfrentaram as mentiras de Trump, abusos de poder e tentativas infundadas de anular a eleição de 2020. Esta não é uma ameaça hipotética", alerta Boyle, citado na Fox News.
"As pessoas que eles têm como alvos incluem polícias, militares e outros que deram as vidas a proteger este país. Esses patriotas não deveriam ter que viver com medo de retaliação política por fazerem o que é correto. É por isso que estou a pedir ao presidente Biden que emita um perdão geral para qualquer um injustamente visado por este esquema vingativo", rematou Boyle.